Visita à Herdade das Defesinhas e Vale de Grou
Sobre o Maneio Holistico e Keyline
na visita à Herdade das Defesinhas e Vale de Grou.
Na imagem acima podemos ver um grupo de 80 vacas que pastoreiam uma área de cerca de um hectare por um dia. Noutra zona podemos ver uma manada de cerca de 275 vacas que pastoreiam uma zona de cerca de 4 hectares também em cerca de um dia e meio. Apesar do encabeçamento de se dever medir em função do tempo e ser optimizado em função de áreas menores, quando analisamos a área da propriedade inteira o encabeçamento anual parece ser actualmente de cerca de 0,5 CN/ha.ano (incluindo pequenho rebanho de recria).
Uma das primeiras coisas que observámos e nos foram mostradas foi a
necessidade de adicionar palha ou feno como complemento à pastagem
abundante que existe neste momento, apesar da seca. A razão para tal é a
ausência de fibras que origina um desequilíbrio na alimentação,
observável pelas fezes dos animais. Uma bosta demasiado líquida é indicadora de falta de fibra enquanto uma bosta demasiado seca e estruturada é indicadora de falta de proteína.
A fotografia acima mostra uma zona já pastoreada e outra pronta a pastorear, sendo que segundo Manuel Die esta é uma pastagem com falta de fibra, tal como na pastagem da imagem abaixo onde se praticou mob grazing, ou seja, pastoreio com muito alta densidade.
Segundo Manuel Die, para uma pastagem ser equilibrada entre proteínas e fibra ou tem um maior período de descanso ou necessita de mais perenes.
A fotografia acima e as duas fotografias abaixo mostram pastagens com um maior período de
descanso e como tal com mais perenes e também mais gramíneas com fibras.
Quais as perenes que devemos favorecer e promover em cada tipo de solo e como o potenciar, são algumas das questões que surgiram desta observação e discussão.
Uma outra questão bastante polémica que surgiu foi o conflito entre as pastagens ricas em leguminosas, em que se refere ser necessário pastorear bem durante o verão para as leguminosas poderem despontar bem no outono , em contradição com esta visão e necessidade de deixar fibra para uma pastagem equilibrada para o animal.
Um dos aspectos que surpreendeu positivamente os visitantes foi observar o renovo das azinheiras que sobrevive ao pastoreio com 240 vacas sem proteções individuais, pelo menos em algumas zonas. Graças aos períodos de descanso de alguns meses, as árvores têm tempo para crescer e recuperar de um pastoreio de apenas um ou dois dias.
Outro tópico de interesse para o projecto Pastagens Regenerativas e para os agricultores do grupo de investigação e comunidade de prática é o Keyline. Na fotografia abaixo podemos observar a diferença de floração nas linhas em que passou o arado semelhante ao Yeomans, de acordo com o Keyline design realizado por Jesus Ruiz.
A fotografia abaixo situa-se numa zona onde foi passado o arado há cerca de 4 anos mas depois foi feito o pastoreio de muito alta densidade. Os parceiros e consultores de investigação do projecto irão tentar averiguar a eficácia do Keyline nesta propriedade, bem como analisar as variáveis que a influenciaram.
Alguns dos agricultores participantes desta visita, do grupo de investigação e da comunidade de prática têm já conhecimento e experiência significativa o que não só tornou esta visita mais rica e interessante como abre espaço para uma fértil troca de conhecimento para o futuro, novas visitas e muita partilha de experiências
O projecto agradece sinceramente a Manuel Die e a todos os presentes nesta visita. Agradecemos aos nossos financiadores e parceiros e convidamos todos os leitores a partilhar conhecimento através dos nossos canais (grupos no whatsapp e facebook) como também escrevendo artigos de opinião e partilhando com a comunidade de agricultores que pratica e procura a regeneração das pastagens, recursos e mais informações.
Até breve.
Artigo escrito por André Vizinho, com edição de Eva Barrocas. Fotografias de André Vizinho, João Palma, Eduardo Vinhas e Miguel Encarnação